O Bairro onde Moro!


Nesta época do ano as ruas de Petrópolis ficam coloridas em tons lilases dos Jacarandás, amarelos dos Guapuruvus e Grevíleas, vários tons de rosa das Buganvíleas e uma profusão de tons verdes. Alegria dos pássaros e dos moradores que podem desfrutar desta interação com a natureza.

Aqui moro há mais de cinqüenta anos e cada rua, cada praça, cada esquina, cada casa que avisto, trazem-me lembranças da infância. Época com poucos perigos e quase nenhuma violência que hoje nos impõem os grandes centros urbanos. Nas minhas freqüentes caminhadas pelas ruas do bairro constato, com muito pesar, a cruel descaracterização que vem ocorrendo. No lugar de belas casas com jardins e pátios repletos de árvores centenárias, encontramos imensos blocos de concreto - verdadeiros paredões que atingem até cinqüenta e dois metros de altura. A permissividade do atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre priorizou o "Deus Mercado" acarretando uma corrida imobiliária jamais vista. Essa ambição desmedida em obter resultados financeiros imediatos, tem trazido graves conseqüências para a qualidade de vida da população, destruição de áreas de preservação ambiental e perda do patrimônio histórico do bairro. O crescimento desordenado não levou em conta a capacidade de sustentação da infra-estrutura local do bairro. Ruas estreitas, que antes eram boas para a ocupação por casas unifamiliares e demanda baixa de espaço para veículos, visivelmente não comportam o crescimento disforme que se verifica com prédios de muitos apartamentos e múltiplos automóveis. O bairro maior que suas vias de acesso torna-se péssimo investimento imobiliário.

É preciso sensibilizar o poder público para dar um "basta" a esse processo e exercer o "princípio da precaução", suspendendo novos projetos até que se modifique o atual Plano Diretor, evitando a perda do que se quer preservar: o patrimônio histórico, ambiental e a qualidade de vida da cidade.

Urbanismo racional não é deixar acontecer! Há uma preocupação em satisfazer os interesses econômicos mais fortes e deixando o Mercado decidir. Há que ter um marco regulatório mais rígido onde se possa conciliar o interesse privado com o interesse coletivo.


Elisabeth (moradora do bairro)

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito oportuna sua idéia sobre o principio da precaução. O novo Plano Diretor ainda pode demorar. Enquanto isto, a destruição da cidade segue regida pelo corrompido Plano atual. Falta-nos uma lei de transição que altere a altura máxima dos prédios para um valor suportável (p.ex.: 15 m)e vigore imediatamente até que seja revogada pelo futuro Plano Diretor.